segunda-feira, 2 de maio de 2011

Holy Moses - discografia comentada 86-92



O primeiro álbum da histórica banda alemã Holy Moses não é exatamente o que eu chamaria de uma obra-prima do thrash metal antigo, mas também não é um álbum de todo o mal. O Holy Moses na época do Queen Of Siam soava como qualquer outra banda alemã do meio dos anos 80, tendo um destaque a parte mais pelos vocais femininos e gritados da Sabina Classen. São riffs básicos, solos bem feitos e músicas mais interessantes pelo contexto nostálgico do que por qualquer qualidade ácima da média do que era feito na época.


O segundo disco e maior clássico do Holy Moses é extremamente considerado na Europa mas não muito valorizado aqui no Brasil. A "competição" já era grande na época em que ele foi lançado, já que a Alemanha era o segundo país com mais bandas de thrash metal existentes perdendo apenas é claro para os EUA, mas o Finished With The Dogs até o ano de 1987 era um dos discos principais, com verdadeiros clássicos da banda como nas violentíssimas Current Of Death e Military Service. O vocal da Sabina Classen estava no ápice, sinceramente não da para crêr que uma garota daquele tamanho na época tivesse uma voz tão absurda, a ponto de deixar boa parte dos vocalistas da cena de lá comendo poeira. Esse é um disco atemporal e obrigatório para qualquer apaixonado pelo metal europeu.

Alguns vídeos da banda ao vivo na época, com direito até a cover do S.O.D. (prestem atenção no bebado em cima do telhado totalmente perdido no primeiro vídeo):

March Of The S.O.D. + Current Of Death:

Military Service:


Todas as habilidades técnicas que o Holy Moses possuía foram já demonstradas anteriormente com toda a fúria do álbum Finished With The Dogs, mas o terceiro álbum da banda The New Machine Of Liechtenstein é um exemplo da amostra dessas habilidades de uma maneira muito mais controlada. Sâo muitas as variações de tempo nas músicas desse álbum conceitual, e o melhor é que, apesar dele não ser tão intenso quanto o anterior, a qualidade excelente das músicas permaneceu intacta, tornando The New Machine Of Lichtenstein um dos álbuns top da carreira dessa banda alemã. Vários são os destaques desse disco, mas eu escolheria a última e intrigante Lost In The Maze como o maior de todos. Simplesmente, esse é mais um grande álbum dessa banda.

Segue mais um vídeo da tour deste álbum, um  vídeo-promo de divulgação para a faixa Panic e dois mostrando a história do álbum em páginas, infelizmente em alemão:

Finished With The Dogs:

Panic:

História parte 1:

História Parte 2:


Após um par de lançamentos de destaque o Holy Moses simplificou seu som com o álbum World Chaos. Do lado positivo, o instrumental mesmo mais simples ficou mais energético do que no lançamento anterior, mas é uma pena que toda a criatividade que a banda havia alcançado até então tenha sido totalmente perdida com esse lançamento mediano. Isso sem contar que os vocais da Sabina Classen ficaram com uma entonação diferente, pra falar a verdade ela soa mais como se estivesse totalmente bêbada durante todas as sessões de gravação desse álbum. World Chaos não é exatamente um álbum ruim, mas meio comum demais para uma banda que estava em ascensão.


Após uma volta aos básicos com o álbum World Chaos, o Holy Moses deu continuidade a sua carreira no começo dos anos 90 com o álbum Terminal Terror. A primeira diferença a se notar na banda nessa fase são os vocais da Sabina Classen, que já aqui começaram a ficar mais próximos do death metal. A banda não soa tão técnica quanto anteriormente, mas em compensação esta muito mais precisa e direta, com alguns arranjos muito interessantes como nas músicas Creation Of Violation e Pool Of Blood. Isso sem falar que a música no geral nesse álbum alcançou um novo tipo de atitude brutal que raramente foi repetida dentro do thrash metal, tanto musicalmente quanto liricamente. Vamos supor que você esteja num tremendo mau humor, contra tudo e contra todos - colocar esse álbum pra ouvir será uma garantia de que esse humor só ira piorar ao menos umas 2 vezes mais.


Embora o Reborn Dogs não tenha aquele clima estiloso e obscuro do disco anterior Terminal Terror, ele mostra o Holy Moses em uma de suas melhores formas, talvez fazendo desse o último grande registro dessa banda alemã. Os vocais da Sabina Classen aqui beiram ao death metal como nunca haviam soado anteriormente, somados a bases ensurdecedoras que explodem logo na faixa de abertura, Clash My Soul. A segunda faixa Decapitated Mind é um típico thrash metal em seu lado mais extremo, com aqueles backing vocals característicos da banda desde os tempos do clássico Finished With The Dogs. Welcome To The Real World é minha favorita. Com riffs extremamente marcantes, essa música deveria ser um hino da banda, uma constante nos atuais set-lists, pena que nem a própria banda de muito valor a esse disco já que é difícil ver músicas dele nos sets atuais. Até o final a banda mantém o mesmo pique, mas, infelizmente, a época não era a certa, o thrash metal em sua forma tradicional estava prestes a cair no esquecimento após alguns anos e ótimos discos como esse acabaram ficando para trás.


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